sábado, 31 de outubro de 2015

Os 10 Filmes mais antecipados do LEFFEST ‘15


 Os bilhetes para o Lisbon & Estoril Film Festival são hoje colocados à venda e como tal decidi fazer um top 10 pessoal dos filmes que mais antecipo para esta edição do festival, que tem, nos últimos anos, sido um evento cinematográfico indispensável para a minha vida de cinéfilo.


10. ROOM de Lenny Abrahamson


 Este filme tem sido aclamado desde que passou em Toronto e ganhou o Prémio da Audiência, sendo que muitos dizem que este é já um dos frontrunners em algumas das corridas ao Óscar, nomeadamente Melhor Filme e Melhor Atriz. Em relação às possibilidades de galardões, ainda tenho as minhas dúvidas, mas o meu interesse foi, sem dúvida, captado pela reação extremamente positiva que se tem manifestado na maioria dos espetadores deste filme. Apenas temo uma queda no sentimentalismo forçado para o qual o trailer parece insinuar, mas, mesmo que tudo o resto seja mau, penso que posso contar com uma fantástica interpretação de Brie Larson, uma atriz que me tem vindo a surpreender ao longo dos últimos anos e que ainda nunca me desiludiu.



09.TROIS SOUVENIRS DE MA JEUNESSE de Arnaud Desplechin


 Enquanto a minha antecipação de Room devém do que tenho lido na imprensa internacional, a púnica coisa que me atrai para Trois Souvenirs de ma Jeunesse é simplesmente o nome do seu realizador. Arnaud Desplechin é dos autores mais consistentes do atual cinema francês e, apesar de algumas obras caírem na vaga banalidade do cinema de prestígio europeu, a maioria dos seus consegue alcançar uma intimidade surpreendente e difícil de encontrar na obra de outros autores contemporâneos. Espero que este filme venha a pertencer ao grupo formado por Esther Khan, Reis & Rainha e Um Conto de Natal como os melhores e mais indispensáveis filmes deste autor francês.


08.ANOMALISA de Charlie Kaufman e Duke Johnson


 Charlie Kaufman. Depois de Sinédoque Nova Iorque seguiria este realizador e argumentista para qualquer experiência cinematográfica e este seu filme, o seu primeiro de animação, parece ir desenvolver-se na mesma onda de criatividade mirabolante e enlouquecida que tanto têm caracterizado o seu trabalho. Como é possível resistir a tal proposta?


07.TE PROMETO ANARQUIA de Julio Hernández Cordón


 Não sei quase nada deste filme, tirando os elogios que tem recebido da crítica internacional, incluindo de críticos a que tenho incalculável respeito e admiração. Gosto sempre de ir ver um filme sobre o qual quase nada sei quando vou ao festival e parece.me que, dentro dessa categoria, esta é a melhor aposta da competição da seleção oficial.


06.MUCH LOVED de Nabil Ayouch


 Um filme que retrata uma realidade que a maior parte do cinema internacional parece querer ignorar. Nesta sua mais recente obra o realizador marroquino Nabil Ayouch propõe-se a examinar e retratar a vida de um grupo de prostitutas na Marrocos dos nossos dias, onde esta atividade é tida como algo quase demoníaco. As primeiras reações ao filme, que recentemente foi exibido em Toronto, apontam para Much Loved como uma das mais indispensáveis experiências de cinema humanista deste ano. Para mim tudo isso é suficiente para fazer de Much Loved um dos mais antecipados filmes não só deste festival mas de toda a produção cinematográfica do ano.


05.KNIGHT OF CUPS de Terrence Malick


 Um filme de Terrence Malick é sempre um evento imperdível, pelo menos para mim. Como tal, é-me impossível não antecipar esta sua exploração de Hollywood que, mesmo que caia no desastre e na repetição, parece-me ter em si contidas algumas das mais gloriosas e hipnotizantes imagens que o cinema de 2015 tem para oferecer, não fosse a sua fotografia responsabilidade do genial Emmanuel Lubezki que em 2011 criou com Malick uma das mais esplendorosas visões de beleza cinematográfica alguma vez projetados numa sala de cinema.


04.KARL MAY & LUDWIG: REQUIEM FÜR EINEN JUNGFRÄULICHEN KÖNIG de Hans-Jürgen Syberberg


 Não são só os filmes mais recentes que me fascinam e pedem a atenção, sendo que me parece impossível resistir à possibilidade de ver num cinema estas orgias de exuberância visual. Para melhorar ainda mais a situação o seu realizador vai estar presente no festival como um dos convidados numa luminosa coleção de caras famosas e celebradas do cinema internacional. Sei que estou a fazer um pouco de batota ao listar dois filmes no mesmo lugar, mas penso que tal se justifica quando se tem uma seleção tão apetecível como a desta edição do LEFFEST.


03.GREED de Erich von Stroheim


 A célebre e infame obra de von Stroheim, Greed ou Aves de Rapina, é uma das minhas grandes lacunas como fã do cinema mudo, pelo que fico eufórico com a possibilidade de poder ver este épico numa sala de cinema. A versão que irá passar é bastante reduzida em relação à versão original do realizador, mas até hoje penso que nunca foi descoberta uma cópia com as sete horas originalmente concebidas por von Stroheim neste que será o seu mais excessivo e glorioso exemplo de hubris cinemática.


02.FRANCOFONIA de Aleksandr Sokurov & HEART OF A DOG de Laurie Anderson


 Junto aqui estes dois títulos porque, infelizmente, ambos só vão passar uma vez no festival e, para piorar ainda mais a situação, vão ser exibidos ao mesmo tempo. Como tal, ser-me-á apenas possível ver um deles e penso que será Francofonia. Não que ache que Heart of a Dog vá ser uma desilusão, pois penso que talvez seja dos melhores filmes do ano, mas porque sou um fiel fã de Sokurov e não posso, por qualquer razão, perder a oportunidade de ver o que parece ir ser uma versão francesa do seu melhor filme A Arca Russa. Para os restantes cinéfilos deixo aqui esta escolha horrenda entre duas das mais fascinantes ofertas desta edição do festival.


01.45 YEARS de Andrew Haigh


 Depois de Weekend e Looking, Andrew Haigh ganhou a minha complete confiança. Este seu mais recente filme tem ainda a vantagem de ter como protagonistas dois dos melhores e menos celebrados atores do cinema europeu, Charlotte Rampling e Tom Courtenay. Se tudo isto, e a fascinante e dolorosa premissa narrativa, não fosse suficiente, ambos os atores foram galardoados em Berlim pelo seu trabalho, apenas acrescentando combustível às chamas da minha antecipação. Talvez vá ser das mais modestas e melancólicas propostas nesta edição do LEFFEST mas tenho fé que algo de transcendente se possa verificar no olhar intimista de Haigh sobre uma crise matrimonial aquando do 45º aniversário de um casamento.


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