Os bilhetes para o Lisbon
& Estoril Film Festival são hoje colocados à venda e como tal decidi fazer
um top 10 pessoal dos filmes que mais antecipo para esta edição do festival,
que tem, nos últimos anos, sido um evento cinematográfico indispensável para a
minha vida de cinéfilo.
10. ROOM de Lenny Abrahamson
Este filme tem sido
aclamado desde que passou em Toronto e ganhou o Prémio da Audiência, sendo que
muitos dizem que este é já um dos frontrunners em algumas das corridas ao
Óscar, nomeadamente Melhor Filme e Melhor Atriz. Em relação às possibilidades
de galardões, ainda tenho as minhas dúvidas, mas o meu interesse foi, sem
dúvida, captado pela reação extremamente positiva que se tem manifestado na
maioria dos espetadores deste filme. Apenas temo uma queda no sentimentalismo
forçado para o qual o trailer parece insinuar, mas, mesmo que tudo o resto seja
mau, penso que posso contar com uma fantástica interpretação de Brie Larson,
uma atriz que me tem vindo a surpreender ao longo dos últimos anos e que ainda
nunca me desiludiu.
09.TROIS
SOUVENIRS DE MA JEUNESSE de Arnaud Desplechin
Enquanto a minha antecipação de Room devém do que tenho lido na imprensa
internacional, a púnica coisa que me atrai para Trois Souvenirs de ma Jeunesse é simplesmente o nome do seu
realizador. Arnaud Desplechin é dos autores mais consistentes do atual cinema
francês e, apesar de algumas obras caírem na vaga banalidade do cinema de
prestígio europeu, a maioria dos seus consegue alcançar uma intimidade
surpreendente e difícil de encontrar na obra de outros autores contemporâneos.
Espero que este filme venha a pertencer ao grupo formado por Esther Khan, Reis & Rainha e Um Conto de Natal como os melhores e
mais indispensáveis filmes deste autor francês.
08.ANOMALISA de Charlie Kaufman e Duke Johnson
Charlie Kaufman.
Depois de Sinédoque Nova Iorque
seguiria este realizador e argumentista para qualquer experiência
cinematográfica e este seu filme, o seu primeiro de animação, parece ir desenvolver-se
na mesma onda de criatividade mirabolante e enlouquecida que tanto têm
caracterizado o seu trabalho. Como é possível resistir a tal proposta?
07.TE PROMETO ANARQUIA de Julio Hernández Cordón
Não sei quase nada
deste filme, tirando os elogios que tem recebido da crítica internacional,
incluindo de críticos a que tenho incalculável respeito e admiração. Gosto
sempre de ir ver um filme sobre o qual quase nada sei quando vou ao festival e
parece.me que, dentro dessa categoria, esta é a melhor aposta da competição da
seleção oficial.
06.MUCH LOVED de Nabil Ayouch
Um filme que retrata
uma realidade que a maior parte do cinema internacional parece querer ignorar.
Nesta sua mais recente obra o realizador marroquino Nabil Ayouch propõe-se a
examinar e retratar a vida de um grupo de prostitutas na Marrocos dos nossos
dias, onde esta atividade é tida como algo quase demoníaco. As primeiras
reações ao filme, que recentemente foi exibido em Toronto, apontam para Much Loved como uma das mais
indispensáveis experiências de cinema humanista deste ano. Para mim tudo isso é
suficiente para fazer de Much Loved
um dos mais antecipados filmes não só deste festival mas de toda a produção
cinematográfica do ano.
05.KNIGHT
OF CUPS de Terrence Malick
Um filme de Terrence Malick é sempre um
evento imperdível, pelo menos para mim. Como tal, é-me impossível não antecipar
esta sua exploração de Hollywood que, mesmo que caia no desastre e na
repetição, parece-me ter em si contidas algumas das mais gloriosas e hipnotizantes
imagens que o cinema de 2015 tem para oferecer, não fosse a sua fotografia
responsabilidade do genial Emmanuel Lubezki que em 2011 criou com Malick uma
das mais esplendorosas visões de beleza cinematográfica alguma vez projetados
numa sala de cinema.
04.KARL MAY & LUDWIG: REQUIEM FÜR EINEN JUNGFRÄULICHEN
KÖNIG de Hans-Jürgen Syberberg
Não são só os filmes
mais recentes que me fascinam e pedem a atenção, sendo que me parece impossível
resistir à possibilidade de ver num cinema estas orgias de exuberância visual.
Para melhorar ainda mais a situação o seu realizador vai estar presente no
festival como um dos convidados numa luminosa coleção de caras famosas e
celebradas do cinema internacional. Sei que estou a fazer um pouco de batota ao
listar dois filmes no mesmo lugar, mas penso que tal se justifica quando se tem
uma seleção tão apetecível como a desta edição do LEFFEST.
03.GREED de Erich von Stroheim
A célebre e infame
obra de von Stroheim, Greed ou Aves de Rapina, é uma das minhas grandes
lacunas como fã do cinema mudo, pelo que fico eufórico com a possibilidade de
poder ver este épico numa sala de cinema. A versão que irá passar é bastante
reduzida em relação à versão original do realizador, mas até hoje penso que
nunca foi descoberta uma cópia com as sete horas originalmente concebidas por
von Stroheim neste que será o seu mais excessivo e glorioso exemplo de hubris
cinemática.
02.FRANCOFONIA de Aleksandr Sokurov & HEART OF A DOG de
Laurie Anderson
Junto aqui estes dois
títulos porque, infelizmente, ambos só vão passar uma vez no festival e, para
piorar ainda mais a situação, vão ser exibidos ao mesmo tempo. Como tal,
ser-me-á apenas possível ver um deles e penso que será Francofonia. Não que
ache que Heart of a Dog vá ser uma desilusão,
pois penso que talvez seja dos melhores filmes do ano, mas porque sou um fiel
fã de Sokurov e não posso, por qualquer razão, perder a oportunidade de ver o
que parece ir ser uma versão francesa do seu melhor filme A Arca Russa. Para os restantes cinéfilos deixo aqui esta escolha
horrenda entre duas das mais fascinantes ofertas desta edição do festival.
01.45 YEARS de Andrew Haigh
Depois de Weekend e Looking, Andrew Haigh ganhou a minha complete confiança. Este seu
mais recente filme tem ainda a vantagem de ter como protagonistas dois dos
melhores e menos celebrados atores do cinema europeu, Charlotte Rampling e Tom
Courtenay. Se tudo isto, e a fascinante e dolorosa premissa narrativa, não
fosse suficiente, ambos os atores foram galardoados em Berlim pelo seu
trabalho, apenas acrescentando combustível às chamas da minha antecipação.
Talvez vá ser das mais modestas e melancólicas propostas nesta edição do
LEFFEST mas tenho fé que algo de transcendente se possa verificar no olhar
intimista de Haigh sobre uma crise matrimonial aquando do 45º aniversário de um
casamento.
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